terça-feira, 29 de julho de 2008

Rádios piratas: um problema sem solução no país

Este ano, a Anatel apreendeu equipamentos e fechou 750 rádios piratas no país.

Elas interferem no trabalho dos controladores de vôo dos aeroportos e podem provocar acidentes graves.




Uma operação da Polícia Civil de São Paulo tirou nesta terça-feira (29) do ar uma rádio pirata que interferia no trabalho dos controladores de vôo dos aeroportos do estado, mas o problema, que pode provocar acidentes graves, está longe de uma solução, como contam os repórteres Wilson Araújo e César Galvão.

A cada um minuto e meio, um avião pousa e outro decola nos dois maiores aeroportos de São Paulo. Nas rotas de Congonhas e Guarulhos, a mesma rádio pirata bloqueia a comunicação entre os pilotos e a torre de controle.

Rádio“Esta é a sua rádio.”
Piloto“Controle, o 7453 está recebendo uma rádio.”
Controlador“Ok, 7453. O senhor consegue anotar algum número da rádio?”
Piloto“103,1.”

As emissoras clandestinas ficam em pontos altos, instaladas em casas simples. Uma denúncia trouxe a polícia até o local. Na casa, só havia um transmissor. A programação era gravada e transmitida pelo computador. Ninguém foi preso, mas a antena foi derrubada e a rádio saiu do ar.

Rádio pirata não é um problema só do Brasil. Nos Estados Unidos, existem centenas. Mas elas usam freqüências mais baixas que não interferem na comunicação dos aviões. Já na Inglaterra, do ano passado para cá, donos de 881 rádios clandestinas foram processados. Aqui, quem é pego transmitindo sem licença paga fiança e volta para a rua.

“A pena sendo branda estimula novas rádios piratas e o problema se agrava a cada dia”, afirma o delegado Luís Storni.

Este ano, a Anatel, Agência Nacional de Telecomunicações, apreendeu equipamentos e fechou 750 rádios piratas no país.

O depósito da Anatel guarda equipamentos apreendidos há mais de nove anos, que só podem ser destruídos quando a Justiça liberar. Os processos são mais lentos do que as transmissões clandestinas. Quando uma rádio pirata é retirada do ar em São Paulo, no dia seguinte já aparece outra, usando a mesma freqüência.

“A legislação é um ponto fundamental para que a gente tenha condições de fazer um combate eficaz a essas rádios clandestinas”, defende José Joaquim de Oliveira, gerente de fiscalização da Anatel.

As interferências são tão freqüentes que os controladores de vôo percebem quando pilotos estrangeiros se confundem na hora de pousar.

Rádio“Essa é a sua rádio, 103,1.”
Controlador“O americano que está na final não deve estar entendendo nada.”

Fonte: Jornal Nacional (TV Globo)

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