segunda-feira, 26 de maio de 2008

AVIÕES NO CEARÁ - Precariedade compromete 30% das pistas de pouso

Situação das pistas de pouso foi denunciada há mais de 10 meses pelo Diário do Nordeste. O quadro ainda é crítico


Fortaleza. A preocupação com a condição de segurança dos aeroportos brasileiros tomou conta do País após 17 de julho de 2007, quando 199 pessoas morreram no maior acidente aéreo da história da aviação nacional, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Três dias depois, o caderno Regional publicou matéria relatando a situação precária em que se encontravam os aeródromos do Ceará. Hoje, com mais de dez meses decorridos, a situação praticamente não mudou.

De acordo com avaliação do Departamento de Edificações e Rodovias (DER), dos 69 aeroportos e aeródromos cadastrados, 21 têm a situação física descrita como “impraticável”, o que eqüivale a 30,43% do total. Os equipamentos citados são pistas de pouso administradas pelos municípios e, segundo o superintendente do DER, Quintino Vieira, estão desativadas. O Aeródromo Municipal de Morada Nova está interditado. Três aeroportos ou aeródromos são avaliados como em “péssimo” estado. Outros oito recebem a graduação de “ruim”. Entre eles, está o Aeródromo Municipal de Icó, que já não funciona há quatro anos, apesar da desativação não aparecer nos registros do DER.

A soma dos registros do DER indica que 47,82% dos terminais aeroviários estão desativados, interditados ou em más condições de uso. Os demais são enquadrados como ótimos, bons ou regulares. Mesmo assim, a classificação pode ser contestada. O exemplo é o do Aeródromo Municipal de Jaguaribe, cuja situação é definida como “regular”, mas apresenta aspecto bem pior.

Mas também há boas notícias para a infra-estrutura aeroportuária cearense. O governo do Estado assinou ordem de serviço para a ampliação dos aeroportos de Aracati e Tauá. O terminal de Camocim também será ampliado, mas a licitação para a obra ainda não foi feita. Nos dois municípios litorâneos, a expansão vai possibilitar o recebimento de vôos comerciais, o que, atualmente, só ocorre no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, e no Aeroporto Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte. Os demais só operam com vôos fretados, alugados ou particulares. As três obras devem ficar prontas entre oito e 12 meses após serem iniciadas.

Segundo o secretário-adjunto de Infra-Estrutura do Estado, Otacílio Borges Filho, a empresa que executará a obra em Aracati já está se instalando. No local, haverá ampliação das pistas de pouso e decolagem — que passará a medir 1.800m de comprimento — e de taxiamento das aeronaves. Além disso, o aeroporto será dotado de balizamento noturno, terá o pátio de estacionamento das aeronaves ampliado e ganhará uma estação de passageiros. Uma das ações previstas para incentivar o movimento naquela cidade será a instalação de um hangar da companhia aérea TAF. Os recursos para a ampliação somam R$ 11,69 milhões, provenientes do Estado e do Ministério do Turismo.

Pólo nos Inhamuns

Em Tauá, a empresa executora da obra já se instalou, conforme Borges Filho. O terminal também ganhará balizamento noturno, além de novo asfaltamento na pista de pouso e decolagem, pátio de estacionamento para os aviões e terminal de passageiros. Segundo o secretário-adjunto, a idéia é que o aeroporto seja um pólo na Região dos Inhamuns e, no futuro, também receba vôos comerciais. O investimento, do tesouro estadual, é da ordem de R$ 3,53 milhões.

Já em Camocim, o foco será dotar o aeroporto de maior segurança. Segundo o representante da Seinfra, o balizamento noturno e parte do muro do local foram quebrados em atos de vandalismo da população, que atravessa a pista do terminal para ter acesso a um bairro da cidade a fim de diminuir o percurso. Além disso, haverá melhorias na pista de pouso e decolagem e no pátio de estacionamento. O aeroporto terá papel fundamental no desenvolvimento do turismo no Litoral Oeste do Ceará e beneficiará também os Estados vizinhos: Piauí e Maranhão. Para isso, conta com R$ 3,97, provenientes do Estado e da União.

Ajuda do governo

Questionado sobre a dificuldade que as prefeituras têm para administrar os aeródromos, Borges Filho afirmou que o governo do Estado pode ajudar na recuperação dos equipamentos, mas, que, para isso, precisa ser provocado oficialmente pelas gestões municipais. Atualmente, o DER administra sete aeroportos no Ceará: Aracati, Crateús, Camocim, Campos Sales, Iguatu, Quixadá e Sobral, todos avaliados como em “bom” ou “ótimo” estado.

SAIBA MAIS

Estado

O Plano Aeroviário Estadual tem aeroportos e aeródromos em 57 municípios, além de um heliponto em São Gonçalo do Amarante. O Aeroporto Internacional Pinto Martins integra a Rede Infraero. Em breve, o de Juazeiro também receberá essa classificação.

Região

Os aeroportos regionais são destinados a atender regiões de interesse estadual, demanda por transporte aéreo regular em ligação com grandes centros ou capitais, bem como aqueles com potencial socioeconômico estratégico.

Local

O aeroporto turístico atende principalmente a vôos charters. O aeroporto local caracteriza-se exclusivamente pela aviação não-regular de pequeno porte, induzida pela atividade econômica local. Já os aeródromos municipais são as pistas de pouso. Funcionam para atender a interesses municipais prioritariamente.

Fonte: Ícaro Joathan (Especial para o Diário do Nordeste)

Mais informações:

Departamento de Edificações e Rodovias, (85) 3101.5788
Seinfra, (85) 3101.3715

CARIRI

Falta de homologação limita Aeroporto Orlando Bezerra

Juazeiro do Norte. O Aeroporto Regional Orlando Bezerra de Menezes, neste município, está tendo perdas consideráveis, principalmente no que diz respeito a restrições da pista de pouso, por conta da ausência de homologação da atual, que está com 1.950 metros de comprimento e consta apenas 1.800 metros, suportando aeronaves de porte inferior às que circulam atualmente. Empresas como a TAM deixaram de instalar linhas aéreas pela falta de condições de pouco para suas aeronaves, de grande porte para a região.

A pista de pouso do Aeroporto do Cariri tem 1.950m, mas o comprimento ainda não foi homologado pelo Estado. Ficam valendo os antigos 1.800m (Foto: Elizângela Santos)

O aeroporto é o único no Interior do Estado e absorve uma demanda crescente, incluindo cidades do interior do Pernambuco e Paraíba, na divisa da região sul cearense. A perda, de uma só vez, de quatro vôos da OceanAir, dos seis diários, reabre polêmica envolvendo o Ministério Público, pela perda de 9 mil passageiros por mês. A justificativa da empresa foi reestruturação dos aviões. As exigências imediatas do aeroporto dizem respeito à melhoria na pista e homologação. A situação ainda não passou, sequer, dos trâmites burocráticos.

“A minha grande preocupação não é a perda recente dos vôos, mas a possibilidade de outras empresas não aceitarem e podermos até perder a que já existe, pelas restrições existentes”, diz o superintendente regional da Infraero na região, Edson Fernandes. As mudanças ocorridas a partir de 2004 na pista legalmente não existem.

O vôo inaugurado da Gol, no último dia 12 maio, com linha Juazeiro-Recife –Brasília, teve atrasos por conta das adequações da empresa à realidade da pista. “Não temos pista adequada para aeronaves de grande porte. As empresas acabam justificando prejuízos em não ter que sobrevoar”, diz.

Adequação ao parâmetro

A aeronave da Gol deve ter até 145 passageiros, mas por conta das restrições existentes na pista, transporta cerca de 125, para se adequar aos parâmetros reconhecidos do local. “A gente tem que trabalhar em cima do que está reconhecido. Esse projeto de adequação foi concebido de maneira modesta e acanhada, com uma aeronave vazia”, diz Fernandes.

O problema de resolver essa primeira parte, a burocrática, deve passar pelo Departamento de Estradas e Rodagens (DER). Em seguida por órgãos ligados a Aeronáutica. Enquanto se luta para legalizar uma pista, que ainda permanecerá com restrições, há uma verba de R$ 10 milhões destinada pelo orçamento federal. Com esse dinheiro, o problema ficaria resolvido no que diz respeito à adequação para pouso de cargueiros. Pelo menos esse é o cálculo previsto pelo superintendente Edson Fernandes. Sobre essa situação, o secretário-adjunto de Infra-estrutura do Estado, Otacílio Borges, afirma que o terminal aeroviário do Cariri atingiu um nível operacional muito grande e, por isso, será administrado por uma empresa especializada, no caso, a Infraero. Segundo Borges, o governo do Estado implantará todas as melhorias necessárias no local assim que a parte burocrática de transferências das atribuições for resolvida. Sobre a saída da OceanAir, afirma que a empresa passou por reestruturação e o Estado não pode evitar o ocorrido.

Fonte: Elizângela Santos (Repórter - Diário do Nordeste)

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