Onze mulheres formam o time das primeiras combatentes da Força Aérea Brasileira (FAB). As pilotos, formadas pela Academia da Força Aérea (AFA), de Pirassununga, interior paulista, conquistaram o mais importante posto, o de aviador, até então exclusivo dos homens, num feito inédito na história militar brasileira.
No ano em que a Aeronáutica comemora os 25 anos de ingresso das mulheres em suas fileiras, elas venceram a barreira do som e do preconceito, no comando de helicópteros, aeronaves de transporte e até aviões de caça.
A aspirante Fernanda Görtz, 24 anos, se tornou a primeira brasileira a pilotar um caça da Força Aérea Brasileira. Descendente de alemães, Fernanda viveu, até o ensino médio, em Lumiar, distrito de Nova Friburgo, na Região Serrana.
Em 2003, participou da primeira turma de mulheres da AFA. Em março, Fernanda permaneceu 50 minutos nos céus, voando a mais de 550 km/h no comando de um A-29B Super Tucano, aeronave com capacidade para armazenar 1,5 mil kg de bombas e duas metralhadoras P.50.
Muitos duvidam de tal façanha. "Eu evito falar que piloto caça porque ninguém acredita. Ficam espantados e acham que é brincadeira", conta ela, que divide as aeronaves com as aviadoras Carla Borges e Daniele Linz.
Numa turma de 34 estagiários do Curso de Especialização Operacional (CEO), sendo três aviadoras, Fernanda obteve a maior nota entre as mulheres e a segunda pontuação geral nos vôos de instrução e simuladores de vôo realizados no Esquadrão Joker, em Natal, Rio Grande do Norte.
Das 11 jovens que fizeram o curso, cinco são treinadas em Natal, duas na Aviação de Asas Rotativas e três na Aviação de Caça. As demais estão em Fortaleza, nas aviações de Patrulha, Transporte e Reconhecimento.
O primeiro vôo de instrução da estagiária Márcia Regina Laffratta Cardoso, 23 anos, no Esquadrão Gavião, também em Natal, dificilmente será esquecido por causa da data: 8 de março, Dia Internacional da Mulher. A decolagem aconteceu às 10h e o vôo durou uma hora.
Seguindo uma antiga tradição, Márcia foi a primeira a voar por ter obtido a nota máxima, entre os 22 estagiários de ambos os sexos, no curso teórico sobre a aeronave UH-50 Esquilo. Foi a primeira vez na História do Brasil que uma mulher pilotou um helicóptero militar. Feito repetido pela amiga de turma Dayana dos Santos. "Não há distinção entre homem e mulher", assegura Márcia.
Normas só para elas
Primeiras a ingressar na FAB, em 1982, as pioneiras forçaram uma série de adaptações para acomodá-las nos quartéis. "No início não tínhamos alojamento, vestiário próprio nem regras de como nos portar", lembra a tenente-coronel Maria Luiza Pigini, 51 anos, a militar mais antiga na ativa da Força.
Maria Luiza conta que foi preciso elaborar normas só para elas: maquiagem discreta, esmaltes na cor clara, batom vermelho só em eventos à noite, cabelos presos e testa livre. "Tudo em cima do bom senso. Afinal nós somos a imagem da Força Aérea", avalia a militar, que alcançou o mais alto posto permitido a elas.
As 4.453 militares, entre 61.067 homens, exercem funções de apoio nas áreas de Saúde, Informática, Administração e Bibliotecária. "Cumprimos bem nosso papel", diz.
Fonte: O Dia / Foto: Divulgação
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