quarta-feira, 21 de maio de 2008

Sede da indústria aeronáutica, São José dos Campos não recebe vôos desde segunda-feira

Desde a última segunda-feira (12), os moradores de São José dos Campos (SP) que precisam viajar de avião têm que se deslocar até o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), a cerca de 75 quilômetros, para pegar um vôo comercial. Alegando que o pequeno número de usuários não cobriria os custos de suas operações, as duas únicas grandes empresas aéreas presentes na cidade, Gol e OceanAir, decidiram encerrar seus vôos até o final deste mês.

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Gol informou que encerrará oficialmente suas operações em São José dos Campos no próximo dia 27. A OceanAir, cuja decisão "afeta pelo menos outras 11 cidades" de pequeno e médio porte, no dia 19.

Funcionários da OceanAir ouvidos pela Agência Brasil por telefone comentaram que todas as companhias encerraram a venda de passagens e cancelaram os vôos no início desta semana.

A suspensão da venda de passagens foi confirmada pela assessoria da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) e pela própria assessoria da Gol, que explicou que a empresa vai manter apenas os vôos já agendados para os dias 21 e 26 (véspera e retorno do feriado de Corpus Christi). A Gol havia implantado vôos diários entre o Aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, e São José dos Campos em novembro de 2007, início das férias de verão.

Sede de várias empresas ligadas ao setor aéreo, entre elas a Embraer, uma das maiores fabricantes de aviões do mundo, o município abriga uma população de cerca de 600 mil habitantes e, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ocupa a 16ª posição entre as 100 cidades com os maiores Produto Interno Bruto (PIB) municipais. De acordo com a Infraero, o tráfego de passageiros do Aeroporto de São José dos Campos se caracteriza por viagens de negócios nos dias úteis e por viagens a pontos turísticos do Nordeste nos finais de semana. O aeroporto também é utilizado por pessoas que pretendem acessar a estância turística de Campos do Jordão e cidades dos litorais norte de São Paulo e sul do Rio de Janeiro.

Para o diretor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São José dos Campos, Toshihiro Yosida, a decisão da Gol já era esperada, uma vez que a empresa só dispõe de aeronaves de grande porte, inadequadas para rotas com baixa procura. "No caso da OceanAir, que opera com aviões menores, tínhamos uma expectativa de que eles mantivessem e até incrementassem seus vôos em função da desistência da Gol", declarou o diretor, que revelou que os setores responsáveis já estão negociando com outras empresas interessadas em realizar rotas para São José dos Campos.

Para Yosida, o estímulo às companhias regionais é a única forma de impedir que as cidades médias fiquem reféns dos interesses econômicos das empresas, garantindo assim o acesso ao transporte aéreo às populações dessas localidades. "O que interessa para São José dos Campos são aviões pequenos que permitam as conexões com as capitais", diz. "Acho que o governo e a Anac deveriam pensar melhor a questão da aviação regional para, assim, adequar a demanda de 50 lugares".

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirma que, pela atual legislação, as companhias aéreas concessionárias de rotas domésticas são livres para definir os locais que irão atender, bem como para estabelecer os preços das passagens aéreas. "Elas planejam as rotas e os horários que desejam operar no Brasil e cabe à Anac, como reguladora do setor, aprovar [com o aval do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea)] os vôos", informou por e-mail a assessoria da agência. A única exceção é o Aeroporto de Congonhas (SP), onde os pousos e decolagens da aviação regular estão limitados a 30 movimentos por hora.

Fonte: Agência Brasil

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