segunda-feira, 27 de abril de 2009

Aves ameaçam pousos e decolagens em Porto Velho (RO)

Órgãos de proteção ao meio ambiente e a Infraero estão trabalhando em conjunto em Porto Velho para reduzir a incidência de urubus no espaço aéreo utilizado por aeronaves. A intenção é identificar os focos onde aparecem essas aves e trabalhar para indicar providências. Por meio de estudo produzido por uma comissão será elaborado um relatório e apresentado às autoridades competentes no próximo dia oito. Até agora, a comissão identificou o lixo urbano como principal responsável pela aparição destes animais.

A comissão responsável pelo estudo é formada por servidores da Base Aérea, Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sedam), Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e Infraero. O estudo começou em julho do ano passado, e foi divido em duas fases. No primeiro levantamento foram feitos sobrevôos da área no entorno do Aeroporto Internacional Governador Jorge Teixeira. Já a segunda fase, que se encontra em andamento, consiste em levantamento terrestre dos focos apontados.

3,8 mil colisões

A colisão de aeronaves com aves é um problema para aeroportos de todo país. Nos últimos dez anos, ocorreram cerca de 3,8 mil colisões entre aeronaves e pássaros, segundo dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). De acordo com dados do Cenipa, 19% das colisões com aves ocorridas no ano passado foram durante a corrida de pouso e 30% na decolagem. Segundo a Infraero, neste ano nenhum acidente foi registrado em Rondônia com aviões civis. Mas quatro acidentes foram registrados com aeronaves militares.

Nas estatísticas que mostram os tipos de aves mais comuns envolvidas neste tipo de acidente, o quero-quero lidera os números, com 10% e os urubus vem atrás com 9%. No entanto, em 63% dos casos, o tipo da ave foi indeterminado. Estes dados compõem a Estatística da Comissão de controle do perigo aviário no Brasil (CCPAB), que aponta que o motor é a parte mais atingida nestes acidentes.

Além da morte do animal e os riscos, os prejuízos com esses acidentes são grandes. De acordo com o chefe de operações e superintendente interino da Infraero Francisco Mendes Martins além da reposição da peça, o acidente implica em outros prejuízos de ordem financeira. “Quando um acidente acontece, a aeronave precisa ficar parada para a reposição da peça e isso resulta em mais prejuízo”, diz.

Lixo provoca proliferação de aves

Segundo a presidente da comissão, a bióloga Marli Lustosa Nogueira, o lixo deixado pela população é o atrativo para esses animais. A comissão identificou 25 pontos, inclusive em locais próximos ao aeroporto. “No bairro Nacional encontramos alguns pontos, por conta do lixo descartado pela população naquele local, além do esgoto que vai para o igarapé”, disse Marli. Os órgãos estão agora na segunda fase do levantamento, via terrestre, para identificar a causa de atração dessas aves. Na primeira fase, a comissão sobrevoou diversas áreas em parceria com a Base Aérea. “Vale ressaltar que esse trabalho não representa despesas, já que é feito através de parcerias”, disse. Os quatro sobrevôos foram feitos com aeronaves da Base Aérea.

Com a entrega do relatório final contendo informações colhidas pela comissão, que deve acontecer em oito de maio, os órgãos devem traçar metas para diminuir essa incidência. “Já sabemos, por enquanto, que a mesma comissão deve elaborar uma campanha de conscientização da população sobre os riscos de jogar lixo e animais mortos próximos ao aeroporto”, garantiu Mendes.

Fonte: Gabriela Cabral (Diário da Amazônia)

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