quinta-feira, 16 de abril de 2009

Máquina de segurança em aeroportos vê imagem da pessoa nua

Uma coluna da semana passada no “The New York Times” sobre uma proposta da Administração da Segurança do Transporte foi seguida de milhares de e-mails. O texto apresentava um plano para colocar máquinas que projetam a imagem de todo o corpo em substituição aos detectores de metal nos aeroportos.

Poucos apoiaram a declaração da agência de que o “whole-body imager” (projetor de corpo inteiro, em tradução livre) – do tipo que fornece uma imagem do corpo nu – seria bem recebido pelo público.

Atualmente, a agência está testando suas máquinas em 19 aeroportos, e seus oficiais disseram que a aceitação dos passageiros foi alta. Eles também disseram que, em testes, passageiros passavam pelo controle com a mesma velocidade daqueles que passavam no detector de metais.

Originalmente, o “whole-body imaging” foi proposto como uma alternativa para os relativamente poucos passageiros escolhidos para uma segunda checagem, permitindo-os a optar pela máquina que passa a imagem do corpo ao invés da revista física. Agora que a agência está propondo o uso da máquina no sistema de segurança primário, muito mais pessoas parecem estar dando atenção às implicações.

Invasão de privacidade

Laura Holmes Jost, de Miami Beach, é uma delas. Jost e seu marido são donos de uma empresa de investimentos de bens imobiliários e viajam ao menos uma vez por semana. Em uma entrevista na semana passada, ela disse saber que as máquinas estavam sendo testadas e jurou ficar longe delas.

No entanto, inconscientemente, ela acabou indo a uma delas em um aeroporto de Miami.

“Eu estava estressada e com pressa”, disse ela, sobre o momento em que uma segurança a direcionou para uma máquina que se parecia com uma cabine. Jost disse ter achado que era outro tipo de máquina, daquelas chamadas dispositivo peixe-bola, que busca por traços de explosivos.

“Quando descobri, me senti realmente violada e brava comigo mesma”, disse. “Eu venho tentando evitar essas máquinas e literalmente entrei em uma delas sem saber. Eu realmente não liguei os pontos até que estava sentada no avião e disse: meu Deus, aquela era uma daquelas máquinas de despir a pessoa”.

Foi assim que ela descreveu o processo:

“Eles me pediram para entrar na cabine e apontaram os pontos no chão onde eu deveria colocar os pés. Fizeram-me levantar os braços, e então o homem saiu da máquina, fechou a porta e algo começou a girar em volta de mim como se estivesse fazendo um raio-x. Então, a porta se abriu.

“O homem me pediu para virar de lado e havia outro par de marcas no chão para eu pisar. A porta se fechou novamente, algo girou em volta de mim de novo, a porta se abriu. Fiquei esperando lá fora enquanto o homem pegava as informações de uma luz na frente da máquina, o que eu acho que era uma pessoa em outro local dizendo, ‘OK, ela está limpa’.”

Uso abusivo das imagens

Como Jost, muitas pessoas que protestam contra a natureza invasiva dessas máquinas insistem que não são puritanos. Na Europa, por exemplo, a oposição furiosa está fazendo de tudo para evitar que as máquinas sejam colocadas nos aeroportos.

Esses projetores receberão uma atenção mais detalhada e intensa do público com o crescimento da tecnologia de segurança do “brave new world” (livro de Aldous Huxley que fala sobre uma sociedade altamente controlada). Mas a avaliação pessoal de Jost, que reflete as opiniões ouvidas de outros viajantes, merece uma consideração séria.

“Quando eu descobri o que aconteceu, me senti violada”, disse ela. “Eu não quero um estranho olhando uma imagem minha, nua, na sala ao lado. É uma invasão do meu direito de privacidade”.

Ela disse ter ficado incrédula com a declaração da agência de segurança de que os passageiros que participaram dos testes se moveram na mesma velocidade que aqueles que passaram nos detectores de metais – isto é, em poucos segundos. “Demorou cerca de dois minutos”, disse.

A agência também alega que a capacidade da máquina de armazenar as imagens dos passageiros será desativada. Porém, muitas pessoas que ouvi disseram que mesmo assim se preocupam com a possibilidade de imagens de pessoas nuas serem armazenadas e usadas com abuso.

“Você realmente acha que se a Angelina Jolie ou a Britney Spears passarem nessa máquina, não haverá pessoas tentando descobrir como pegar essas fotos?”, questionou Jost.

Fonte: Joe Sharkey (New York Times) via Último Segundo (IG) - Imagem: www.tsa.gov

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